- oi leo, tô grávida!
De repente (já faz um tempo), no
meio de uma carona até a biblioteca, minha melhor amiga joga essa notícia no
seu colo, sem abraços. Eu, meio anestesiado com a notícia, desconfio, lembrando
que ela já havia brincado algumas vezes com supostas gravidezes. Mesmo assim já
quero saber o sexo, ir pra loja de roupas e brinquedos infantis mais próxima,
confeccionar brinquedos, comprar livros, aprender a costurar pra fazer
roupinhas. Ela, também anestesiada, só quer a confirmação da ultrassom, para
daí sim poder sorrir aliviada, mas também se preocupar, traçar os novos planos.
Não é fácil engravidar no meio da
graduação (e isso piora quando se é bolsista), justo no ano do primeiro estágio;
os planos começam a fugir do nosso controle e suas prioridades acabam se
transformando e ganhando um nome e um rosto.
Falo assim porque às vezes parece
que engravidei com ela. Brinco que talvez seja uma gravidez psicológica, só pra
poder acompanhá-la e, por vezes, ganhar os mimos e chamegos que por direito grávidas
merecem. Só isso. Dispenso dores, enjoos e exaustivos exames e chutes.
Nunca tinha acompanhado uma
gravidez tão de perto, então tudo acaba sendo novidade. Pra ela, que já é mãe
de segunda viagem, não.
A espera pela descoberta do sexo,
essa eterna angústia, tem sido uma das piores partes - pelo menos pra mim -
principalmente quando você convive com uma grávida já de seis meses, que não
sabe o sexo do bebê e tem que responder a mesma pergunta o dia todo,
exaustivamente: é menino ou menina?
A parte boa é que enquanto ela
não descobre o sexo, vamos criando, inventando e nomeando a criança das mais
diferentes e bizarras formas. Mas eu ainda insisto que, caso seja menina, ela
deve se chamar Dulce Maria. Não é uma graça?
Falando dessa espera de descobrir
o sexo do bebê, descobri há algum tempo que meus pais optaram por só saberem o
sexo do meu irmão e meu depois que a gente nascesse. Segundo minha mãe, pra ela
só importava que fossemos saudáveis (ou seja, gordos e corados), não importando
nosso sexo. Me derreti de amores; é tão lindo saber que pra seus pais pouco
importa o que você é, desde que você seja feliz e saudável (assim espero).
Mas voltando pra gravidez da
Amanda, falta pouco para descobrirmos o sexo, como também falta pouco (só mais
doze semanas - é isso, Amanda?) pro bebê nascer. Daí sim rotina nova, choro,
fraldas, mamadeiras, chocalhos, mordedores, canções de ninar e bajulação
transbordarão pela cidade toda, merecidamente.